terça-feira, 3 de março de 2009

Pai: um ano sem você!



SAUDADE

(Rita Costa)


Vive aqui dentro,

...com gosto de dor antiga

essa palavra que se alonga

infinita e insolúvel,

de uma ponta a outra,

soletrada em todas as horas,

sem jamais pôr-se em descanso.

Como o sol ao fim do dia

faz-se audível ao corpo,

bebendo da irrestrita noite

tantas outras...

com sofreguidão.

Cabe tanto dentro dessa

palavra precursora

de silenciosos poemas....

Nessa palavra viva,

precipitada de sonhos,

amanhece o olharem forma de cantigas

–balé intuído de felicidade

aspirado junto com o ar dos pulmões –,

mas se encarcerada entre dentes

é azul entre o vermelho...

oscilação sentida

que aperta o peito,

amarga a saliva...

úmida saudade ao céu da boca.




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