terça-feira, 23 de junho de 2009

Santos Juninos

SÃO JOÃO

Comemorado no dia 24 de junho, São João é o santo mais importante do mês, embora não seja tão casamenteiro quanto Santo Antônio. Na sua festa eles empre está dormindo e as moças aproveitam disso para vestir roupas bonitas e saírem à procura de marido. O forte de São João são as adivinhações e as mocinhas aproveitam de sua sonolência para tirar a sorte, afim de adivinhar com quem e quando vão casar, Dizem que São João dorme durante a festa porque se ficasse acordado poria fogo na terra.Os pais de São João eram Isabel e Joaquim e quando ele nasceu, o Virgem Maria foi visitá-lo sendo recebida por Isabel com os versas do "Magnificat" . João cresceu no deserto, pregando a vinda do Messias, seu primo Jesus, a quem batizou. Morreu decapitado por ordem de Herodes que assim agiu para agradarà filha de sua amante. Além desses fatos, o resto é lenda. Dizem que ele nasceu numa noite muito bonita e Isabel, para avisar Maria, mandou erguer um mastro em sua casa, acendendo uma fogueira para iluminar. Era o sinal combinado para a Virgem Maria visitá-la, levando uma capelinha, um feixe de palha seca e folhas perfumadas de manjericão. Por isso é que ainda hoje se levantam mastros e o povo fala das rosas, do cravo, da capelinha e do manjericão.

SÃO PEDRO

São Pedro, o santo chaveiro por quem todos deverão passar um dia, se abre as portas do céu, fecha as folias do mês de junho, sendo comemorado nodia 29. A sua festa é menos importante para as moças, mas se a mulher é viúva,é dia de grande festa, São Pedro protege as viúvas, mas principalmente aquelas que não querem se casar de novo. São Pedro, o barqueiro, é no Brasil o padroeiro das vocações sacerdotais, como chefe da Igreja que foi. No seu dia, os pescadores brasileiros colorem os rios e o mar com suas embarcações enfeitadas para homenageá-lo. Como protetor das viúvas que ele é, neste dia em alguns lugares ainda se realizam a procissão das viúvas. Como por exemplo, no Alto e Médio São Francisco, com as viúvas subindo rio acima, em canoas,levando uma imagem do santo, para conseguir maior proteção. Uma das maiores crenças populares dessa época, é a que o samambaia só dá flor à meia-noite do dia 23 para o 24 de junho. No resto do ano nada. Mas nesta noite o perfume dessas flores enlouquecem e quem consegue apanhar pelo menos uma flor, será feliz por toda a vida. No amor, será sempre correspondido integralmente. Mas, é preciso estar a postos,pois a flor de samambaia só dura alguns minutos, secando logo depois.

COMPADRIO: Nos lugares onde o padre só aparece de tempos em tempos, na noite de São João, é costume o compadrio de fogo. Os pais levam a criança para perto da fogueira e dizem o seu nome bem alto, enquanto os padrinhos fazem um juramento de proteger a criança, pulando depois três vezes sobre a fogueira. A criança está batizada e os pais ganham mais um compadre.

CORPO FECHADO: Em algumas partes do Brasil, acredita-se que a noite deSão João seja a ideal para efetuar o "fechamento do corpo com reza brava". Basta carregar um bentinho junto ao peito, pular fogueira, passar pé descalço sobre as cinzas e recitar algumas orações apropriadas.

FARTURA: O levantamento do mastro deve acontecer no dia 12 de junho, na festa de Santo Antônio. O buraco no chão deve ser tampado com ovos de galinha, grãos de milho e de feijão, pois as galinhas ficam sem peste e as colheitas se tornam boas. Um limão na ponta do mastro dá fertilidade à terra. As árvores estéreis que não dão frutos, se forem surradas com varas, na noite de São João, tornam-se frutíferas.

O tição apagado da fogueira de São João serve para ser queimado nos dias escuros, quando ameaça tempestade ou trovoada, tendo o mesmo valor do ramo bento do Domingo de Ramos. Além disso, protege as colheitas e, se for colocado no galinheiro, protege as galinhas contra a peste.

SANTO ANTÔNIO NO FOLCLORE BRASILEIRO

Não há exagero na quadrinha popular que diz:

"São João a vinte e quatro

São Pedro a vinte e nove

Santo Antônio a treze

Por ser o santo mais nobre"

Na realidade Fernando Bulhões nasceu do casal Marins-Bulhões Taveira, da nobreza de Portugal.

Mas o que ficou dessa nobreza, para os fiéis foram as graças sobrenaturais que frei Antônio espalhou pelo caminho terreno eque o fez galgar a glória celeste sob a invocação de Santo Antônio.

A sua intercessão miraculosa é reclamada sob inúmeros aspectos. O maior de seus milagres foi, sem dúvida o que se deu quando, já famoso orador, pregava em Pádua (Itália).

Avisado durante um sermão de que, em Portugal, o seu pai, condenado,caminhava para a forca, pousou por momentos a mão sobre a fronte e, milagrosamente desdobrou-se, foi à Lisboa e salvou-o.

Nem os ouvintes de Pádua perceberam que, durante aquela rápida parada em que o pregador parecia coordenar um pensamento, em pensamento havia realizado o até hoje discutido milagre do desdobramento da personalidade!

Daí, a dupla invocação do seu nome Santo Antônio de Lisboa, para aquele que nasceu em Lisboa em 1195, e Santo Antônio de Pádua, porque aí faleceu em 1232.O prestígio do milagre de Santo Antônio alcançou as Índias, chegou ao Brasil e a todos os pontos onde existe um católico.

Santo Antônio, porém, sempre foi o santo do lar, dos nichos e barraquinhas.

Adorado com fervor é o orago das povoações, dos soldados, o santo familiar, o desvendador de perdidos, o protetor dos casamentos que o sincretismo das religiões populares levou aos candomblés da Bahia, confundindo com Ogum, santo guerreiro dos negros.

É festejado a treze de junho, dia de preceito em toda a América por determinação da bula de 1722, do papa Inocêncio XVIII. Por muito tempo foi esse dia feriado no Brasil.

O milagroso santo desde os tempos coloniais que vem estendendo suas bençãos às nossas batalhas, garantindo vitória aos brasileiros.

A libertação de Pernambuco é atribuída à sua milagrosa intervenção. Santo que os fiéis pernambucanos proclamam:

"Milagroso Santo Antônio

Nosso padroeiro

Enche de alegria

Pernambuco inteiro"

A defesa da colônia do Sacramento, ao Sul, esteve também entregue à milagrosa intervenção de Santo Antônio, que após a vitória recebeu um custoso bastão do governador Veiga Cabral.

Durante a invasão de Duclerc e Duguay-Trouin, no Rio de Janeiro, em 1710, ogovernador Castro Morais pediu a proteção de Santo Antônio. O provincial do convento de Santo Antônio, no largo da Carioca, enviou o rico bastão do santo ao governador, que apenas tocou a cabeça dele para iluminá-la, pedindo também que colocasse a imagem na muralha do convento, com uma lâmpada votiva acesa.Travou-se a batalha. Os franceses foram derrotados. Desde então, na frente do convento, em um nicho, fica a imagem de Santo Antônio e há sempre uma lamparina acesa.O povo carioca tem grande fé nessa imagem, que chama Santo Antônio do Relento.

Por essas e outras vitórias alcançadas no norte e sul do Brasil, Santo Antônio atingiu altos postos militares, sendo condecorado pelo próprio dom João VI, quetambém lhe conferiu o posto de tenente coronel do Exército Brasileiro. Com a proclamação da República e a conseqüente separação da igreja do estado, Santo Antônio perdeu o soldo que até então era pago ao superior do convento. A ordem de Santo Antônio, porém, a cada novo governo que sucedia, reiterava requerimentos sem resultado. Foi o ministro da Guerra, general Dantas Barreto que num curioso despacho deferiu o pedido, com uma cláusula explícita: "que o pagamento fosse próprio ou ao seu procurador…"Os devotos de Santo Antônio pintam sua figura em objetos de barro, de louça, de madeira, trazem-no em bentinhos e breves e antigamente até por cepilhos da sela. Daí o aviso ao meu cavaleiro:"Segura-te no Santo Antônio!"

Também era em uso tempos idos colocar-se nas cartas as iniciais, S.A.t.g.(Santo Antônio te guie), hábito motivado por um milagre do santo realizado nas Astúrias, em 1729. Mas ninguém desconhece a proteção de Santo Antônio para achar coisas perdidas, que surgem mal reza o responso:

"Quem milagres quer achar

Contra os males e o demônio

Busque logo o Santo Antônio

Que aí o há de encontrar"

A confiança em Santo Antônio é ilimitada. Mas o seu maior prestígio é entre as moças que querem casar. A filosofia popular retrata esses anseios na quadrinha pitoresca:

"Santo Antônio me case já

Enquanto sou moça e viva

Porque o milho colhido tarde

Não dá palha nem espiga"

A crendice aconselha às pretendentes ao matrimônio, como meio infalível, o furto do menino de Santo Antônio, tanto que a rima popular afirma:

"Não quero Santo Antônio grande

Dentro do meu oratório

Eu quero é o meu pequenino

Que ouve o meu peditório"

Às vezes o candidato tarda, ou é recalcitrante, e então vem o recurso extremo: penduram a imagem de cabeça para baixo e surram-na a valer!

"Minha avó tem lá em casa

Um Santo Antônio velhinho

Em os moços não me querendo

Dou pancadas no santinho"

Alucinadas, chegam a tirar o resplendor da imagem e sobre a tonsura pregam, com cera, uma moeda qualquer, que só sairá dali e será convertida em velas, no dia do casamento. Chegam até a mergulhar a imagem dentro d’água!

Conta-se que certa solteirona amarrou a imagem numa corda e jogou-a num poço. Correu o tempo. O barro da imagem dissolveu-se e o noivo não apareceu. Na época da escravidão, mau grado os milagres e as virtudes do santo, os negros confessavam: "Escravos, nem de Santo Antônio", e diziam meio incrédulos:

"Santo Antônio foi bom santo

Pois livrou seu pai da morte

Mas, não livrou pai João

Das penas de calabrote"

E chegavam a fazer promessas irreverentes:

"Me peguei com Santo Antônio

Pra casá com uma criôla

As almas ganha uma saia

Santo Antônio uma ceroula"

A tradição popular guarda sempre a malícia mais que tudo e por isso repete-se por aí:

"Fui ao mato cortar lenha

Santo Antônio me chamou

Quando o santo chama a gente

Que fará os pecadô"

As virtudes do taumaturgo, porém, estão registradas no populário brasileiro, em rimas simples mas expressivas como esta:

"Santo Antônio foi tentado

Quando pelo mundo andou

Não resistiu do pecado

Morreu, foi ao céu e gozou."

(Marisa Lira. ‘Folclore carioca; Santo Antônio no folclore brasileiro’. Correioda Manhã, 18/08/1950. Extraído do Boletim Trimestral da Comissão Catarinensede Folclore (IBECC), Florianópolis, Ano II, junho de 1951, nº 8. In APOCALYPSE,Mary. Estórias e lendas e Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro).

http://orbita.starmedia.com/~pernabamba/santos.html

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